Perdas & Ganhos


Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio. Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.

Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta. Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo. Ele nos acolhe, nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói. E continuamos a perder, contudo ganhamos também.

Perdemos primeiro a inocência da infância. A confiança absoluta na mão que segura a nossa, a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair. E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar; Por que? Perguntamos a todos e de tudo. Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás. Estamos crescendo.

Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer. Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros. Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos, mesmo quando algo nos é tomado contra a vontade. Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres.

Receamos dar risadas escandalosamente e evitamos assuntos constrangedores. Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros. E aprendemos. E vamos adolescendo, ganhamos peso, ganhamos altura, ganhamos o mundo. Neste ponto, vivemos em grande conflito. Damos-nos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir, perdemos a esperança. Estamos envelhecendo.

Estamos amadurecendo, todos nos admiram. Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados. Perdemos a espontaneidade. Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo. E continuamos amadurecendo, ganhamos um carro novo, um companheiro, um diploma. E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos e soltar pum sem pudor. Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e damos-lhe aquele beijo estalado, mas apertamos as mãos de todos.

Ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade. E assim, vamos ganhando tempo, enquanto envelhecemos. De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas, nas pernas; ganhamos celulite, estrias, varizes; ganhamos peso e perdemos cabelos. No final, o balanço, para alguns, é positivo: Os ganhos superaram as perdas!

Autor: não identificado.

5 comentários:

  1. aham vc tem razão no final o nosso eventário quase sempre é positivo, e melhor e´que no final sabemos admirar as pequenas coisas que nos encatavam quando criança.

    Por esse motivo eu que o fim e começo estão realmente interligados, pois as emoções nesses intantes são as mesmas e deve ser isso que nos permitir aceitar tão calmente o fim :D/ adorei

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  2. O que me consola caro amigo Ananias, é que essa busca insensata uma hora chega ao fim.
    Rogo para que a minha chegue ao fim antes do meu.
    Abraços

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  3. oi vc tbm tem razão quanto ao poema no blog alguns sites dizem que é de 'Jorge Luis Borges', no entanto um outro site que vir diz que a poesia é 'Nadine Stair' atribuido a 'Jorge Luis Borges'e de fato deve ser vlw por comentar no blog tah BjS

    http://catalisando.com/homepage/lentilha.htm
    http://www.youtube.com/watch?v=PLaAswSCJwg

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  4. É gente, o saldo dos meus instantes vivenciados nesses meus 56 anos, é POSITIVO.
    Entretanto, sinto que estou devendo ao universos. Confesso que não fiz, ainda, algo importante para aqueles que nem têm a 'sorte' que tive até aqora.
    Abraços a todos e obrigado pela visita.

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  5. Ananias

    Meu saldo é POSITIVÍSSIMO.
    E lhe pergunto, será que o que precisamos fazer para aqueles com menos sorte é o importante ou o que importa ?
    Tenho certeza , apesar da não lhe conhecer que vc tem feito muitas coisas que realmente importam.
    Beijinhos

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